Trinta Vezes Três #30 Anos



Não é fácil chegar aos trinta anos. Cheguei a eles ontem, dia 15 de agosto, mas ainda não acostumei com a ideia. Vai levar uns dias pra aceitar que saí da casa dos vinte. 

Acho que é por isso mesmo que chegar aos trinta é difícil. Não sou mais o “garoto com um futuro todo pela frente”. Já cheguei nesse futuro que me falavam há dez anos atrás. Espera-se de um cara com trinta anos que, se já não tem algo bem sucedido na vida, que tenha pelo menos um bom projeto engatilhado. E não tenho nem um nem outro. Ainda estou na fase de descobrir o que quero da vida. Mas será que algum dia a gente descobre exatamente? 

As vezes esqueço a idade que tenho. Penso que ainda sou o adolescente de 17 anos – e as vezes me comporto com um. Aliás, alguns dos melhores amigos que tenho tem menos de 20 anos. As vezes, pra minha alegria, alguns deles falam “meu, eu pensei que você tivesse tipo, minha idade, sei lá!”. Quem dera! 

Agora, olho para minha vida e faço aqueles questionamentos que a gente faz quando tá na bad, ou quando tá bêbado, sabe? Coisas tipo “o que eu tenho na vida?” Bom, faço coisas que gosto – gosto de tudo que faço? Não, mas quem gosta? Tenho à minha volta pessoas que sei que gostam de mim do jeito que eu sou, mesmo com minhas imperfeições e manias. Tenho sim, meus traumas e meus problemas, mas venho tratando todos eles, um a um. Tenho uma família que, mesmo pequena, se importa comigo. Que mais eu quero? 

Chego aos trinta com novo ânimo. Tenho a vontade de viver dos 20, a responsabilidade dos 40 e os cabelos brancos dos 70. E assim vamos levando. O futuro? Não sou eu quem me navega. Quem me navega é o mar, então deixa a vida me levar. Vida, leva eu? 

Se continuar como estou hoje, quero viver mais trinta. E outros trinta. Se chegar aos noventa com a vontade de viver que tenho hoje, sei que terei sido muito feliz. O que vai me acontecer? No caminho eu descubro.

Carpe Diem