Bolsonaro e o ex-Ministro da Educação, Abrahan Weintraub |
Acontece que, com o passar dos anos, Irmã Josefina foi mudando. Da senhora discreta, que passava quase despercebida nos cultos, passou a orar mais alto. E mais alto. E mais alto. E suas orações se tornaram gritos estridentes, que depois evoluíram para o que ela dizia serem "mensagens de Deus". E profetizava em todos os cultos. Dizia ter tido sonhos e relevações sobre acontecimentos futuros. Mas o que ela mais gostava de fazer mesmo era denunciar pecados em público, no meio dos cultos. Dizia ser a guardiã da sã doutrina, e que Deus a havia escolhido para limpar os pecados da igreja. E aí o ceu era o limite - desculpe o trocadilho. Apontava o dedo para mulheres e dizia que elas estavam "em adultério", os jovens todos estavam sob o pecado da masturbação, adolescentes estavam condenadas ao inferno por terem cortado as pontas do cabelo, e não parava mais. E o pastor da igreja? Permitia tudo, pois dizia que irmã Josefina era "ungida de Deus", "profeta" e outras coisas mais. Certa vez chegou a ameaçar agredir uma garota que exibia um leve traço de decote em sua blusa.
Mas a Ana, filha da Irmã Josefina sabia que algo estava muito errado.
Sabendo da história de vida da mãe, presenciando as agressões, e vendo o comportamento estranho nos últimos meses, Ana tomou a decisão que muitos filhos demoram pra tomar, pelo medo de assumir que a própria mãe tem problemas: levou Irmã Josefina em um psiquiatra. Após algumas sessões e bastante conversa, o médico diagnosticou clinicamente o que muita gente na igreja sabia, mas não tinha coragem de falar: Irmã Josefina sofria de um quadro grave de esquizofrenia. Receitou medicações e, em menos de uma semana, a evolução era nítida. Os gritos e as profecias de Irmã Josefina sumiram. A mulher agressiva que denunciava pecados sumiu e deu lugar à discreta e tranquila mulher de antes. O marido agressor foi embora de casa, mas nunca foi denunciado.
E por que ilustrar essa história com uma foto do Bolsonaro?
Poucas pessoas tem coragem de dizer isso, mas há algo muito errado com Jair Bolsonaro. Suas bravatas, seus discursos, a forma como se refere ao Exército como se fosses seus soldadinhos de plástico, e sua reação à pandemia fogem à qualquer senso mínimo de razão. Em um momento ele se comporta como aquele tiozão piadista de churrasco que nunca saiu dos anos 70; depois age como um genocida cruel e sanguinário que mereceria um aperto de mão de Hitler; em outro momento é o Messias escolhido por Deus para livrar o país das mãos nefastas do comunismo e entregar à Igreja Evangélica, a única representante de Deus na Terra.
Bolsonaro me lembra muito a Irmã Josefina.
Bolsonaro é mais do que um homem despreparado para o cargo que ocupa. Isso a Dilma também era. Bolsonaro criou uma realidade paralela para si, onde ele conseguiu o que queria. Chegou ao cargo máximo da nação e, com isso, assumiu a posição de responsável pelo bem estar da família tradicional brasileira. Assumiu para si a função de combater o comunismo, derrotar a "ideologia de gênero", e promover a liberdade. Além disso, ele conseguiu se vingar do Exército que o expulsou em 1988. De "incompatível com o oficialato", virou o Chefe Supremo. Sonha em precisar colocar o Exército na rua, e para isso busca os motivos mais absurdos, mas não para defender qualquer coisa, e sim provar aos generais que agora é ele quem manda. Sua lealdade às Forças Armadas escondem o sentimento de vingança. E ele não se furta em criar crises para ter onde usar o soldados. Assim como uma criança de 8 anos que brinca com seus soldadinhos de plástico e cria guerras grandes e barulhentas, Bolsonaro sonha em fazer o mesmo, mas agora com um Exército de verdade.
Bolsonaro é esquizofrênico, em um grau grave e que necessita de cuidados urgentes.
Ele precisa ser parado urgentemente, e por motivos de saúde.
Será que ninguém na família percebeu isso? Sim, esposa e filhos com certeza perceberam isso. Mas diferente da Ana, filha da Irmã Josefina, os Bolsonaros jamais farão qualquer coisa a respeito da esquizofrenia do Louco Mor, principalmente porque convém a eles.
Aos filhos, porque o papito não se sente minimamente constrangido em fazer o que for para proteger os filhos, mesmo que esses tenham feito as piores cagadas na vida. Se for preciso, troca delegados, investigadores e até Ministro, se for necessário pra proteger os filhos. Considerando que, de toda a prole bolsonarista, apenas a pequena garota não tem nada para se explicar, esse é o pai dos sonhos: faço o que eu quero, e na hora que der ruim papai me livra. Por esse motivo, os filhos saem em defesa do pai a cada arroubo de loucura: eles precisam do pai louco desse jeito. É melhor para eles.
E a esposa? Bom, pelos gastos de cartão corporativo, pelos amigos e maquiadores transportados em aviões da FAB, ela demonstra estar muito bem com a vida atual; talvez ser casada com um louco e ter a vida sexual exposta ao público pelo próprio marido seja um preço razoável a pagar.
Irmã Josefina e Bolsonaro, guardadas as devidas proporções, são muito parecidos. A diferença é que a pobre irmã da igreja se curou. Já o Presidente...
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