Precisamos parar com a cultura de "jogar no lixo" o que não serve mais | #Opinião




A pandemia escancarou algumas das piores mazelas dessa sociedade. Uma delas é a cultura de jogar no lixo qualquer coisa que aparentemente não sirva mais. Uma reportagem do UOL mostrou que enfermeiros abriam um frasco com 10 doses de vacina da Astra-Zeneca, usavam uma dose e, por falta de demanda, jogavam as outras 9 fora. Estamos pagando bilhões - sim, estamos, pois é o nosso dinheiro - por essas vacinas, para profissionais simplesmente jogarem fora. Por que? Porque é assim que se faz no Brasil. 

Perto da minha casa, dentro de um parque, está o Museu do Lixo, que tem apenas coisas retiradas da represa que fica aqui perto. E com isso o Museu tem uma casa mobiliada completa: sala com sofá de 2 e 3 lugares, estante, TV, tapete, quarto com cama de casal, colchão, guarda-roupa cheio de roupas, cozinha com mesa, fogão, geladeira, armário de parede. Tudo retirado da represa. 

Já conheci pessoas que trabalhavam com coleta de lixo - os "lixeiros" - e todos eles falam a mesma coisa: a quantidade de coisas boas e novas que se encontra nos lixos. 

Outros países tem uma cultura de restauração e doação muito forte. O que não me serve mais serve para outro. O que eu não voou usar mais posso doar para alguém. O que está quebrado pode ser consertado. O que está com uma aparência ruim pode ser pintado. Mas não por aqui. No Brasil jogamos tudo no lixo. E muitas vezes sequer da forma correta. Apenas abandonamos na rua ou nas represas. 

Enquanto não nos conscientizarmos de que somos um país com diferenças sociais gritantes e continuarmos com a cultura de jogar no lixo o que não serve, veremos cenas como essa. 

No Brasil se joga qualquer coisa no lixo. Até mesmo a vacina para a Covid.

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